
As vendas no setor automóvel na UE+FTA+UK teve um decréscimo médio de -57% em Maio, comparativamente ao mesmo período do ano anterior, não poupando nenhum país. Os valores variaram entre -29% no Chipre a -76% na Croácia ( -89% no Reino Unido). Matricularam-se menos quase 3 milhões de viaturas, nos primeiros 5 meses do ano.
Face a esta “nuvem negra”, nas últimas semanas França aprovou um plano de apoio de 8 biliões de euros, para a acelaração do setor e incentivo à transição para veículos eléctricos e autónomos, e a Alemanha um plano de apoio de 4,5 biliões de euros. Em Espanha, onde as concessões reabriram a 11 de Maio, o governo acaba de apresentar um plano de apoio de 3,75 biliões de euros (enquanto que no Reino Unido os detalhes do programa do Governo estão a ser discutidos). Itália e Portugal permanecem em silêncio…
De acordo com os dados divulgados ontem pela ACEA, em Maio os registos de carros novos na área da UE+EFTA+UK totalizaram 623.812 unidades, em comparação com 1.444.173 em Maio de 2019. Em acumulado, o mercado cai -43%, nos primeiros 5 meses do ano.

No entanto, em todos os principais mercados, aumenta a venda do número de viaturas elétricas, Plug In e Híbridas, em parte explicada pelas medidas governamentais establecidas de incentivo à compra deste tipo de viaturas: Em França até é estimulada a compra de usados e na Alemanha a aquisição deste tipo de viaturas beneficiam de uma redução de 6 meses de pagamento de IVA (16% standart), e o investimento ao consumo por parte do estado cifra-se nos 20 biliões de euros. Não é de espantar que a Alemanha, que abriu as suas concessões em finais de Abril, apresente apenas um decréscimo de -35% acumulado nos primeiros 5 meses de 2020, face ao período homólogo de 2019. Por outro lado, a Alemanha começou já há algum tempo através de investimentos públicos substanciais, o caminho da transição energética, possuindo hoje uma ampla rede de pontos de recarregamento público. No entanto Maio representou para este país, o segundo pior resultado desde 1991.
Os principais motivos apontados para a grave crise da indústria automotiva, transversal a todos os países, apesar da abertura das concessões são:
- A diminuição do poder de Compra dos consumidores particulares, prejudicado pelo desemprego e lay-off e a própria insegurança da manutenção dos postos de trabalho;
- Não renovação de frotas, por políticas de investimento congeladas nas empresas, prejudicando o mercado fleet e venda de pesados;
- A grave crise no setor de Turismo, com repercussão direta no renting e buyback.
Observando o panorama por TOP10 de marcas e por registo de matriculas ( EU+EFTA+UK):
%Share May 2020 | %Share Jan-May 2020vs | |
VW Group | 25,0% | 26,5% |
PSA Group | 15,7% | 15,7% |
Renault Group | 11,9% | 10,4% |
Hyundai Group | 6,8% | 7,1% |
BMW Group | 6,2% | 6,6% |
FCA Group | 7,4% | 6,4% |
Daimler | 6,2% | 5,8% |
Toyota Group | 5,4% | 5,8% |
Ford | 5,1% | 4,8% |
Nissan | 1,7% | 2,3% |
Estando este setor a atravessar uma das maiores crises históricas, torna-se imperativo que os governos o apoiem nesta fase. Medidas como incentivo ao abate, isenção de IUC das viaturas em stock, diminuição do IVA, etc… são um pacote de medidas que permitem a renovação da frota por parte das empresas e particulares (estes últimos representam cerca de 20% das vendas em Portugal de viaturas novas), sustentabilidade do meio ambiente e compromisso das reduções de CO2, já acordadas.
Estas medidas, são fundamentais para o setor, com renovação de frotas quer no mercado empresarial, quer no mercado de transportes, quando o setor de turismo irá continuar também, sob “uma nuvem negra”. A percentagem de trabalhadores em Layoff neste sector, embora não tenhamos números confirmados, segundo as últimas declarações da ACAP, estima-se que seja similar ao do setor de Hotelaria e Restauração.…
Rita Araújo
Fontes: Jornal Económico, UNRAE, ACEA, ACAP